26 agosto 2006


Chegar de férias é um pesadelo. Deus fez as férias e as malas o Diabo. Saudades transformadas em lágrimas na viagem de regresso ouvindo Zeca afonso " No monte é que estou bem, onde na veja ninguém, ai, no monte é que estou bem." Mas na verdade via muita gente, mas sentia-me tão bem... Às vezes arrependo-me de não ter feito aquilo que me apetecia fazer, outras vezes agradeço a deus por não o ter feito, sabe-se lá as consequências de uma queda que aparenta ser livre mas pode ser fatal. Mas saudades é o termo certo daquilo que sinto, uma dor alegre, um passado irrepetível, mas que me marcou e isso, embora não suficiente, marca a ruga do sorriso no canto da boca que se vai acentuando com as diversas experiências vividas. Penso sempre que estou velha e que já nada de novo me acontece e de repente espanto de ver a criança ainda contida em mim. A alegria, o pouco que basta, o demais que não é suficiente, a imaginação que desenlaça saudades de um real vivido só por mim. ah, a montanha, os passeios às estrelas, o som da água a acompanhar os meus passos, o ruído da madeira a ranger quando há algo que se contorce cá dentro, as folhas esverdejantes das árvores e o calor a apertar-me as mãos. A energia que se libertou e se alastrou... Nasci no mar, mas morro na montanha.