28 janeiro 2009

Ar

Para que não pensem que vivo de pensamentos que pintam o mundo de preto, deixo aqui alguns pensamentos felizes e pictóricos. Está um dia tempestuoso lá fora. Ah! não é negro o dia, é bonito. Aconchegador. Estou a trabalhar e sei que mais logo estarei em casa, no sofázinho, com a minha filha e o Plutão, o cão. Às vezes, nada é melhor do que a rotina. Há coisas que saturam, outras que nos deixam mais cómodos. Falar com aqueles que amamos é mais valioso do que um punhado de diamantes. Saber falar, ver um sorriso a abrir na cara do outro, sentir a alegria do momento é deveras precioso. Devemos saber apreciar os momentos bons, distinguir o bom do normal. Porque há hábitos deliciosos. E não me importo de ser obesa se ficar feliz ;)

27 janeiro 2009

Demoro a acordar, é lenta a manhã. Mas já acordo. Já consigo dizer que há momentos em que não penso em nada, em que não sou eu, em que imagino mundos e pessoas e não fico a pensar neles. Esvanecem-se quando acordo, lentamente, mas acordo. Parece que tenho todas as razões para não querer acordar. Todas se confluem numa: a solidão. Sinto-me sozinha, vivo num mundo de pessoas egoístas e despreocupadas com os problemas alheios. Gostava de eu me preocupar com os problemas alheios, mas as pessoas estão constantemente a fugir de mim. Então, tenho os meus problemas e só eles me fazem companhia. Acordo porque reparei que se tenho problemas e precisam de ser resolvidos por mim só eu é que posso eliminá-los. E se ninguém compreende que precisava de pessoas para, sei lá, dar duas de treta, falo com os meus problemas. E, no fundo, bem lá no fundo, conheço realmente com quem posso contar, com quem poderei ficar para o resto dos meus dias, com quem se preocupa comigo. Também sei, bem lá no fundo, quem me quer mal, quem deveria gostar de mim e me odeia, quem lê o meu blog e fica calada,a rir-se provavelmente. Mas ódio deixa as pessoas tristes. E eu tenho pena, muita pena que tenha alguém próximo de mim, que esteja mentalmente doente. Tenho pena que só saiba viver das desgraças das outras pessoas. Tenho pena que só saiba rir da morte e não possa apreciar a vida. Não sou rancorosa. Só fico com pena. Esse é o meu estado extremo de desistência. Inveja é o que mata o mundo. Eu não me vou deixar levar por ela.

Dou graças ao amor e à vida. Seres grotescos e egoístas escrevo-os aqui e apago-os da minha memória. Não passam agora de palavras.

Outra questão: se tivessem dois seres vivos (um humano e um animal irracional) a morrer qual deles salvariam?

Hum.. pergunta bastante complicada... Eu escolhi o animal. Porque vi que o humano não tinha salvação. Mas o animal é difícil. Não dá para falar e fazer chantagem emocional. E obrigá-lo é a única solução. Saio ferida fisicamente, mas sei que estou a fazer tudo para o bem dele. Faço pelos animais, porque esses para mim são os únicos seres pensantes. Não pensam em fazer mal propositadamente, fazem mal para se defenderem, para dizer basta. Devíamos usar a capacidade racional para o bem, não para ferir.

20 janeiro 2009

work

Sinto repulsa por pessoas que sorriem quando sabem das tristezas que nos consomem a alma. Sinto repulsa por saber que eu sou o alimento dos pobres.Se calhar sinto repulsa de mim por alimentá-los. Não devia. Nunca ninguém passou por isso? Tenho pena! Mas muita pena! Pois nunca souberam amar! Nunca sentiram felicidade! E pensam que a tristeza que sinto agora nunca esteve associada a alegria. Enganam-se! Ninguém se sente triste se nunca foi feliz. Sente-se inveja nesses casos. E coisa que não sou é ser invejosa! Repulsa... Aqueles olhares de superioridade que me mandam. . O que me fazem para desprezar... Sinto pena, repulsa...E tristeza, porque conheço pessoas boas, e , infelizmente, estou rodeada de abutres!!!

Resignação

Custou aceitar que me deixaram de amar. Não sei mais que faça. Larguei as mãos, deixei de amarrar pedaços que me davam réstias de esperança. Deixei a esperança para trás. Já de nada vale. Tudo perdeu sentido. E agora o sentido vai ter de nascer outra vez. Vou ter de alimentar o meu corpo, por muito que me custe. Um pedaço de pão arranha a garganta, fica entalado a meio do caminho e sinto-o no estômago durante horas. Mas é esse pão ressequido e duro, que me vai fazer andar para a frente. A vida é feita de amarguras. E esta calhou-me a mim. Desesperadamente tentei lutar contra ela, mas nada do que pude fazer contribuiu para nada. Eu sinto-me nada. Nem escrever consigo mais... Só gostava que soubessem que eu poderia ter sido feliz daquela maneira. Há de haver outras. Tem de haver.

Para ti*

19 janeiro 2009

Amor

Três dias sem comer e duas noites sem dormir. Porque de repente a minha alma saiu de mim. E é me insuportável viver sem ela. As paredes têm a sua presença, o seu cheiro. Nas ruas passam as memórias em carros azuis bebés, cashcais, e carro nenhum que poderia ter história se pudessemos falar. Ha coisas na vida que nos deitam para baixo, como a morte de um ente querido. Ha coisas na vida que nos tiram a vontade de viver, quando aquele que mais queremos nos deixa. Sinto-me como tivesse fingido ser cega durante um tempo e quando quero abrir os olhos vejo que fiquei mesmo cega.. E não há arrependimento que chegue, nem promessas de que se tiver os meus olhos de volta prometo que olharei a tudo sem discriminação!! É verdade, eu não quero estar cega, ou sem a minha alma, sem a minha razão de vida.
Faço tudo errado, não consigo ser gerida pela razão. Vejo-me a suplicar pelos meus olhos, a minha vida, a minha alma a quem eu não dei o devido valor. Ah! Como dói não dar o devido valor! Como dói sentir esta perda! Será que tenho de aprender desta maneira? Toda a gente que me viu sofrer, que me viu desistir disse que não valia a pena... Por que é que dizem isso? Não vêm a importância que tem os meus olhos, a minha vida, a minha alma? Como me podem dizer sê forte, quando a minha força foi com ele? Como me podem dizer não digas nada? Para mim é como deixar de respirar. E estou a fazer um esforço extremo por não respirar. Dói, mas não quero que o ar fuja. Preciso dele. E não sei o que fazer. Disse que não acreditava em Deus, e não me acredito. Por que se Deus existisse via que eu estou a ser sincera e quero a maior felicidade para os meus olhos, a minha vida, a minha alma. Serei egoísta ao pensar que poderei fazer uma pessoa feliz? Não quero magoar ninguém. E ouço vezes sem conta uma voz gélida a dizer-me que não dá mais, que já pude desfrutar dos meus olhos, que ficaram cansados e não querem me ver mais... Oh! Como dói ouvir isso... O que faço? Como é seguir em frente? Qual é a frente? Serei eu louca ou é o meu coração que me impele a insistir? Por que é que a Pandora me deixou com a esperança? Eu acho que há esperança. É por isso! Quero ter mais tardes no só nosso banco na marginal da Póvoa, quero ter mais um sorriso teu. Eu não o posso ver, mas lembro-me dele. Tão distante... Quero olhar para ti como sendo parte de mim, não uma amputação. Quero acordar, mas antes quero dormir, e pensar que tu existes no meu mundo e isso não me deixa triste, mas feliz. Não sei ter relações...Não sei..Fui imatura e pensava que estava certa... Eu preciso de uma oportunidade! Não quero que isto seja como o último dia em que vi o meu pai! Não quero ficar de braços cruzados! Não consigo, não posso deixar que o meu eu imaturo e cego deixe vencer o meu outro eu seguro e esperançoso. Que mais promessas poderei fazer? Que palavra ou que acção me levariam a ter os meus olhos de volta? Será calar-me ou falar? Será fingir felicidade ou desabafar fraquezas? Não sei quanto mais tempo aguento, sei que os dias parecem cada vez mais ferozes e pálidos. E não aguento mais perder outra pessoa na minha vida. Não está no meu ser magoar as pessoas ao ponto de me deixarem. Não está no meu ser viver com isso. Aceitar isso. Não me vejo em casa, na rua, no trabalho, com outras pessoas sem poder ter a minha alma. Era esta a minha alma. Eu sei. Nós sabemos quando é o tal. E, ao que parece, foi isto que o tal me deu. Mais não posso pedir. Gostava que ele visse como eu posso ser a tal também. Ai se posso!

10 janeiro 2009

dor

Dói não nos sentirmos amados.
Dói descobrir que não somos especiais, que já não está lá o rapaz que me esperava de bicicleta todos os dias de manhã para me acompanhar à escola, nem o que viajava quilómetros para me ver aos fins de semana, nem aquele que mudava de autocarro só para ir comigo, nem nenhum outro. Tantas promessas me fizeram e todas elas se esfumaram com a desilusão do meu ser.
É de ficar a pensar.
Isto de exigir comportamentos numa relação torna-nos diferentes. Ou então somos diferentes e depois começamos a revelarmo-nos. Não sei se é uma mistura controversa de ilusões e máscaras. Provavelmente nunca somos quem somos quando partilhamos a vida com alguém, mas tornamo-nos um outro agradável ou não.
Eu, evidentemente, era desagradável ao ponto da saturação. Pena de mim? Acho que não. Sinto-me aliviada até! Sinto-me outra. Crescem esperanças ao ver que me torno uma só diferente. Só eu me conheço. Não me importam julgamentos externos. Lá sei quem sou.

Essa não sou. Se calhar já fui, tenho um bocado de pena...Mas remorsos? Não. Se fosse diferente ficava no primeiro namorado e não tinha conhecido o segundo, nem o terceiro, nem o quarto. Oh...Olá quinto!! Desta vez sou assim, já fui assim e aquele não gostou muito, e com aquele era ridiculamente assim!!ah!ah! mas são águas passadas. Nada de Sá Carneiro, os meus beijos não são os deles juntos, são só os meus e únicos. Experimenta! Ou não...Não gostei dessas promessas falsas...Não! Pára, já não quero...Isso não se diz...Casar comigo? Mas tu não me conheces... Amar-me! Palavras vãs. Xau quinto.

Sexto? Não sei. Olha sexto, fazemos assim, nada de promessas, nem de palavras vãs...Pois...Não sei...Sem palavras é complicado..eu sei...Mas as palavras não resultam comigo. O que faço? Alguma ajuda do futuro?!!?? Décimo?? És tu o último? És o melhor ou o que se arranja? Escolhi-te ou tudo o que veio à rede é peixe?

Sozinha eu? Olá ? Números?? pois...sozinha...talvez...


olá zero, olá. Sim, tu compreendes-me e eu compreendo-te. Vamos ser felizes!! Eu sinto desta vez é que é!! Zero à esquerda ou à direita, isso é lá comigo, ficas bem dos dois lados e sinto-me sempre bem do teu lado. És importante para mim, e podes me fazer sentir importante. É disso que eu gosto! De ser especial para alguém! Dá-me alegria ao acordar! Sem zero dói.

Anseios

Sou um espírito puro que anseia por aquele momento mágico em que o amor verdadeiro me leve a descobrir o êxtase da carne e da alma em uníssono.

Desejo manter aqueles momentos de leitura à lareira enquanto o frio me tenta tornar gélida.

Quero o meu espaço, com as minhas coisas e com o meu tempo.

Dançar é viver. Quero dar vida. É a única coisa que me dá alento.

Quero começar de novo. Estar com pessoas novas. Fugir de quem se tornou um ser que só ouve o ruído de morte que devagar rói e persiste.