03 junho 2009

Trolhices

Cheguei a um ponto que mais do que irritação sinto quase admiração pelas bocas foleiras que os denominados trolhas sentem necessidade de dizer quando passa uma mulher qualquer. Não querendo estereotipar, a verdade é que são mais os ligados à construção civil que têm como obrigação comentar qualquer coisa acerca do sexo feminino que resolveu deambular pela beira deles. Culpa nossa, na verdade. Nós é que queremos ouvir a nova boca. Para quê passar por ali, se podíamos muito bem dar a volta ao quarteirão? Haverá mulheres provavelmente que preferem andar mais do que ferir os ouvidos. Eu, por exemplo, passo uma vez, mas a segunda evito. Já a sair de casa lembro-me e vou pelo caminho mais longo, de forma a evitar qualquer tipo de contacto com essa gente. Dantes ficava furiosa, apetecia-me berrar-lhes, dar-lhes um sermão. Porém, nunca passou da vontade, porque temia que isso lhes desse mais pica, mais prazer. Têm necessidade de se mostrarem completos tarados sexuais e tornaram-se peritos na arte de falar um português perverso. As falas que enviam aos nossos ouvidos têm um caracter simples, mas sabemos que por de trás está a perversidade implícita ou explícita (dependendo da erudicidade do trolha). Chegando eu quase aos trinta, já não as ouço tanto. E, daí, vem grande violência psicológica! Ora, aos 15 anos ouvimos bocas pelos calçõezinhos curtos. Temos de nos desviar e vestir roupa mais consensual. Somos completamente violadas psicologicamente. Aos 40 nem uma piscadela, deixa-nos a pensar que já não estamos fisicamente apetecíveis, mas ao menos já não temos que nos sentir como um pedaço de bife ambulante e cães a perseguirem-nos.

Vou fazendo um levantamento de bocas, esperando que contribuam para o meu espólio. Faço isto com o objectivo de prever uma futura extinção desta espécie e para mais tarde recordar. Não se esqueçam da entoação que aqui não pode ser descrita.

Bocas
1º Olha uma salsicha grande! ( para um basset hound que passeava com a dona)