04 setembro 2009

Votos brancos e votos cegos

Hoje, numa conversa de café, adaptada ao carro, surgiu o tema: eleições. E não sei quem foi que me disse (nem quem vai fazer grande tolice) que o primeiro voto que iria fazer era em branco, como sinal de revolta. Ora...Não percebo muito de política, sou uma leiga no assunto. Pergunto-me revolta contra o quê? Revolta contra a mentira? Contra a obscuridade dos assuntos? Contra os media? Contra os abusos de poder? Realmente, já não estamos no tempo nem no espaço dos faraós que eram vistos como perfeitos e ai de quem os ousasse criticar. Também sabemos que Sócrates, Ferreiras Leites, Durãos Barrosos e Santanas Lopes não são intocáveis e puros. Lamento informar ao povo, que ministros, presidentes e demais não têm de ser obrigatoriamente deuses. Têm apenas que ter as ideias deles e considerarem-nas as mais acertadas para o país. Não me parece que sejam muito egoístas. Lamento que ganhem mais que nós, mas prefiro eles que pelo menos tiveram a coragem de serem o alvo de piadas, do que os futebolistas, os nossos heróis que ganham milhões por chutar bolas. Serão os futebolistas e os políticos o mesmo? Chutam o nosso dinheiro, gozam com os nossos impostos, estamos num mundo horrível, os portugueses são maus, tudo é mau. Mau é sinónimo de português. Lamento não vivermos numa Suiça ou Suécia. Lamentam vocês não viverem na América? Na França ou Itália? Porque a mim parecem-me farinha do mesmo saco. E se acham tão errado o que os políticos andam a fazer, metam-se vocês na política. Eu, sinceramente, sou pouco altruísta, gosto da minha vidinha, de ter opinião sobre uma coisa ou outra, mas não sobre tudo nem sobre todos. Vou votar, não em branco, porque não me apetece ter ditaduras, ou ninguém na política.A política é necessária, já dizia Sócrates e Aristóteles. Que ganhem os das melhores ideias ou o que nos cegar melhor. Ainda bem que vivemos em Portugal, até que não tem má democracia comparado com o continente vizinho africano, ou com Timor-Leste, ou Madeira... Sem comentários...

Portanto, concluindo a divagação nada científica, votem num partido qualquer, nem que seja nos verdes, coitados! Só querem o melhor para o mundo natural, não têm culpa de não perceberem de economia. Agora em branco quer dizer o quê? Que vão fundar o melhor partido de todos e realmente temos um bando de lorpas ao poder? São opiniões, todas legítimas, sem dúvida. Eu posso não compreender todas, mas respeito. Questiono-me, porém, com o porquê da revolta e como é que um jovem, virgem em votar, vai determinantemente votar em branco, porque sim! Acho isso apenas limitado. Expliquem-me os mais ligados à area. Agradeço.


p.s. Depois de escrever este artigo, li um artigo sobre o PR e os seus famosos vetos. Que quer isto dizer? Será que o PR não é PR e ainda é PSD? Será que está a tentar vetar todas as acções PSianas? Ou apenas acha baixar o nível falar em abortos, divórcios e outras coisas que tais? Será revolucionário ou apenas amuado? Será estratégia manhosa ou fuga à responsabilidade? Seja como for, Portugal parece apoiar as decisões do PR vetante, vetador, veta.

01 setembro 2009

Artigo do dia 1 de Setembro

Por que apenas me apetece falar com alguém, escrevo. Falo para o meu leitor ideal. Aquele que me compreende e se interessa também por banalidades futéis e sem coerência.

Passeio pela biblioteca e olho para as revistas que definem o espaço das mulheres. É limitado: Vogue ou Máxima. Sinto-me obrigada a pegar numa qualquer. Dou uma vista de olhos. As folhas são suaves e cheiram a papel novo. Dá gosto folhear. Porém, só aparecem caras sexys de mulheres e publicidades a marcas caríssimas. Publicidade é mau, marcas caríssimas é frustante. Uma revista de mulher que me devia deixar bem, compreendida ou, pelo menos, falar de assuntos interessantes, fala de: a confusão dos tamanhos de roupa; no papel das divas (ex.: Ana Malhoa); o luxo mudou - os novos códigos dos ricos; e se ele a traísse com outro homem; tudo sobre os cabelos da nova estação, entre outros... Não esquecer o suplemento moda Outono/Inverno e os descontos em spas e clínicas de emagrecimento. Parece gozo, mas não é. Infelizmente somos catalogadas como fúteis e sempre na moda. Uma mulher que não pinta as unhas, não vai ao cabeleireiro todas as semanas, prefere ler artigos de psicologia familiar, curiosidades da natureza, livros a ler, conselhos práticos do quotidiano, decoração (barata), design, notícias, artigos de opinião com interesse, etc.. tem de ler 30 revistas diferentes para se satisfazer e nenhuma delas é uma denominada revista feminina. O que sou eu então? Qual é a diferença entre as capas masculinas e as femininas? Por que raio não aparecem homens nas revistas femininas? Seremos nós, mulheres, mais atraídas pelo nosso sexo? Mais egoístas? Terei eu de me sentir pressionada a emagrecer? Não posso ter celulite? Perca a celulite em apenas 48 horas! asterisco minúsculo: tratamento ronda os 5500 euros. Será isto tudo para os homens ou para nos sentirmos a mulher das mulheres? O que vai na cabeça desta gente? Serão estas as mulheres normais? E eu o que sou? Não respondam...Devem chover insultos..

Porém, sinto-me bem e nada envergonhada em não me interessar pela vida da Ana Malhoa ou Claudisabel ou Ruth Marlene. Sinto curiosidade em saber, todavia, o que lhes passou pela cabeça para meterem nomes estranhos com "th" ou juntar dois nomes. Terá sido num momento de café ou terão levado dias a pensar no seu nome artístico? Foi com risota pelo meio ou consideraram o assunto sério e que determinasse o futuro delas?

Também sinto que não estou minimamente interessada se a minha cara metade me traísse, com homens ou mulheres. A pergunta "e se ele a traísse com outro homem?" mostra um dramatismo que supostamente as mulheres deveriam gostar. Como é conhecido de todos as mulheres são complicadas e então gostam de inventar histórias cada vez mais trágicas e dramáticas para saberem que a vida é dura e elas são corajosas. Não basta trair, não! Isso já é banal e o pão do dia a dia. Agora é trair com homens. Daqui a uns meses ou semanas (sei lá quando a moda muda) será: e se ele a traísse com um animal? É sempre ele que trai, não é? Nunca seria: e se você o traísse? Se fosse era a vangloriar a modernidade das mulheres, a feminilidade, a sensualidade, nunca a falta de ética.

Também me questiono qual será a mulher que se sente confusa com os tamanhos de roupa. Chego a uma loja e experimento, se estiver apertado peço o número acima e problema resolvido. Não preciso de ler um artigo de 4 páginas a explicar-me os números que aparecem nas etiquetas de roupa.

Saber os novos códigos dos ricos ou sobre os cabelos da nova estação são duas coisas que me despertam asco. Serão aqui os ricos o exemplo a seguir? O meu ideal de vida? Terei eu de ter o cabelo na moda de trimestre a trimestre para me sentir realizada?


Sonhos da mulher da revista: ser rica, ser traída, jóias caras e roupas novas a cada estação, seguir o exemplo de Ana Malhoa, Romana e Mónica Sintra (todas ricas e traídas- conheça-se minimamente as letras musicais). A literatura a seguir só mesmo a que está nas etiquetas das roupas.