19 janeiro 2007

Memórias


Milhares de memórias percorrem os meus olhos como se fosse a última vez que eu as pudesse sentir. Quando chegam perto de mim, as pálpebras descem como se quisessem viver o passado. E nesse fechar de olhos a viagem foi possível, sinto o meu corpo a viajar e sinto os cheiros, as texturas e o meu coração. E quando sinto a palpitação do meu coração tudo se esvai. Abro os olhos e a sensação permanece, deixando o meu coração com duas palpitações. Sinto nostalgia da dor sofrida. O sentimento de saudade só indica perda, solidão. Foi em saudade que eu nasci e me criei. Tenho saudades do meu passado e do meu futuro. O presente parece-me sempre estagnado. Recuso-me a divertir para deixar mais marcas de saudade. E já sinto falta da estagnação. A minha alma hoje perdeu-se nas memórias. As memórias que não se lembram de mim...porque nunca existiram. Não são históricas, apenas são deturpações de uma perspectiva vencida que nunca será lembrada.

1 comentário:

tulisses disse...

sugiro a leitura do conto "nenhum,nenhuma" de guimarães rosa, de Primeiras Estórias. sobre as questões da memória... eu agora ando muito nessa onda... depois até te posso mandar um artigo que escrevi sobre isso... bjs