22 junho 2007

Dias como o de hoje são raros de se viver. Pensava até que impossíveis. O ser humano é tão complexo. Cada dia é uma descoberta. Hoje descobri algo conscientemente. Descobri que há beleza no mundo. Um pequeno gesto como um olhar acompanhado de um sorriso, numa pessoa bela, torna o dia mais radiante. Encontrarmos alguém já há muito perdido, que nos elogia e nos valoriza, mostra o quanto somos importantes. Houve dias em que eu precisava de ver o quanto sou importante.
Por vezes esquecia-me, outras vezes deixava-me compenetrar nos pensamentos maléficos de pessoas egoístas. Sinto que a maior parte do tempo vivia por elas, sentia o que elas queriam que eu sentisse, transformava-me no que elas queriam que eu fosse.

Hoje senti-me eu!Um eu não conhecido, mas que despertou a curiosidade e amabilidade em outrem; um eu, por outro lado, esquecido, menosprezado e desvalorizado pelas pessoas que convivem comigo todos os dias e com o meu indesculpável consentimento. Foi esse menosprezo que me levou para os mundos da amargura, que me fez duvidar da existência de qualquer objectivo na minha vida. e foi essa valorização, esse olhar mais cativante sobre mim, que me fez sorrir e me deu forças para ser. Poucas pessoas são. Algumas preferem sentir alegria, sentir conforto, sentir dor, tristeza a ser. Ser não é sentir.

Só somos quando afectamos os outros e não a nós próprios. Nestes últimos tempos vi o que era sentir. Vi muitas pessoas sentirem. Ficarem presas a sentimentos. Fui objecto de desabafo de muitos sentimentos: uns condenáveis, outros inevitáveis. Senti também, como se fosse uma doença contagiante. Senti tanto que os sentimentos criaram em mim uma força tal que me foi impossível controlar. Eram várias vozes na minha cabeça. Um só ser não deve sentir tanto. Chorei. Converti os sentimentos em gotas de água. Claro que ainda sinto. Os sentimentos são inevitáveis, mas controláveis. Só os deixamos escapar quando pensamos que não somos.

Eu agora sou!!! Conheci o amor e não o vou perder. Este não é hábito. É algo que nunca me fará sofrer. Algo que eu me entrego de corpo e alma. Aquilo que me faz feliz e, mais importante, me faz ser. Quanto mais me entrego mais ele me dá vida. Dá-me força. Nunca experienciei tamanho poder. Todo o meu corpo emana uma energia que ninguém controla. O mais estranho é que nasceu de um momento para o outro. Só bastou um olhar que impulsionou o início de uma vivência nova e exigente. O olhar é imprescindível. Sem ele eu não existia. Mete medo pensar não ser olhada. Muito mais importante do que verificarem níveis da minha beleza e olharem para o meu corpo é verem a minha alma. Um arrepio sinto quando penso que de um olhar eu nasci. Vi-me na obrigação de continuar a ser. É uma promessa que aqui deixo. Sou, por ti!! Agradeço-te a coragem que me deste para a concretização dos meus sonhos. Agradeço-te não me teres pedido nada em troca. Agradeço-te o dia de hoje. Se algum dia te esquecer é porque me esqueci. Espero que sejas por minha causa tal como eu sou por tua. Só tu me viste até agora e agora. Pergunto-me se há só um olhar para cada ser? Sei que nem todos têm esse privilégio.. Será desequilibrado? Eu não consigo fazer o que me fazes a ninguém... Não há alma no mundo que eu conheça e ame... Parecem-me todas defeituosas. Que pretensão a minha! Eu sei:) Porém gostava de ver alguém.. Esta insatisfação da minha alma foste tu que a criaste!! Mostraste-me o outro lado da vida que muitos não conhecem e não compreendem... Ficam presos a preconceitos e vivências que tornam o amor perverso e odiável. Tu és um ser puro, longe de tudo o que conheci. Viste defeitos e qualidades, consegues criar outros defeitos e qualidades em mim.


Deixo-te este rascunho até quando vir que é suficiente. Depois outro rumo tomarei, tal como uma onda que amacia o chão onde pisas e volta de novo para o oceano.

2 comentários:

Dahnak disse...

OH JOY!!!
Há duas coisas que me deixam felicíssimo neste Mundo:
1- a restauração de uma alma pela união com outra;
2- o emriquecimento de uma alma com a aprendizagem das coisas que não se ensinam.
Sempre sob as minhas asas, amiga.
Obrigado.

tulisses disse...

pois, isto cheiora-me a qualquer cosia de impenetrável da minh aprte, embora eu bem quisesse saber os pormenores sórdidos e assim.

gosto aprticularmente do desfecho e da frase: Ser não é sentir.