12 junho 2007

gota de água

Uma gota de água deve ser valorizada. Arca consigo todo um simbolismo que nos escapa. Longe de mim entrar nos caminhos melindrosos da semiótica. No entanto, hoje, especialmente,há em mim um sentimento tão forte, tão poderoso e tão temeroso que me faz lembrar uma gota de água. Poucas são as pessoas que não substimam o poder deste ser aparentemente tão frágil.
Eu, porém, detenho-me, frequentemente, a olhar para as gotas de água mais vagarosas. Umas que caem do céu e estampam-se no vidro da janela do meu quarto. Sigo o caminho que percorrem e é díficil não imaginar a sensação de uma lágrima a escorregar pela minha face. Não quero de todo desviar-me daquilo que me impeliu a escrever. Nem era possível conseguir fugir a este sentimento. Não sei descrevê-lo, apenas poderei dizer que hoje sou uma gota de água. Mais não sei. As gotas são tão importantes que, apesar de mínimas, podem provocar excessividades e excentricidades. Acho que estou quase a atingir a gota de água que me impulsionará para o mundo da extravasão. Quando uma nuvem sente a necessidade de libertar o peso que a carrega ou quando um humano sente a vontade de exprimir a sua mágoa através de uma lágrima há o derramamento da gota de água. Aquela mais importante, que simboliza a necessidade de desabafar. Ora, eu, contraditoriamente, quando preciso de desabafar, retenho as gotículas dentro de mim e espero as suas consequências. Serão desastrosas. Há um demónio dentro de mim. Exalo uma energia negativa. Sinto que há invejas e mesquinhices ao meu lado. Apetece-me matar. Sim, matar. Ah... que vontade de saciar o meu apetite!!! Sorver a malignidade dos seres que me rodeiam!!! Porquê?? Por que é que eu sinto isto? Por que é que consigo olhar para dentro do âmago de cada ser? É asqueroso, horripilante pensar que existem pessoas assim. A falsidade atingiu limites que ultrapassam os limites da inteligibilidade. Eu sou falsa!! Só eu sou falsa, mais ninguém!! Eu invento invejas!! Eu invento ódios e mentiras!! Eu escorro pelas minhas janelas até ao chão. Mais ninguém. Tudo está espelhado na aparente transparência de uma gota de água, que, afinal, desfigura a realidade que lhe deu oportunidade de viver. Só vos peço que me deixem seguir o meu percurso. Não queiram juntar se a mim e aumentar o peso do meu destino. Sozinha conseguirei que todas as gotas sejam felizes e possam escorregar pela minha janela sem encontrões ou acumulações de emoções. Tudo linear, tudo natureza. Basta uma gota de água para eu rebentar.
Agradeço que me deixem chegar ao chão.

Obrigada.

1 comentário:

Anónimo disse...

tiago: muito bnito, para variar. também me apetece matar... e morrer as vezes