19 janeiro 2009

Amor

Três dias sem comer e duas noites sem dormir. Porque de repente a minha alma saiu de mim. E é me insuportável viver sem ela. As paredes têm a sua presença, o seu cheiro. Nas ruas passam as memórias em carros azuis bebés, cashcais, e carro nenhum que poderia ter história se pudessemos falar. Ha coisas na vida que nos deitam para baixo, como a morte de um ente querido. Ha coisas na vida que nos tiram a vontade de viver, quando aquele que mais queremos nos deixa. Sinto-me como tivesse fingido ser cega durante um tempo e quando quero abrir os olhos vejo que fiquei mesmo cega.. E não há arrependimento que chegue, nem promessas de que se tiver os meus olhos de volta prometo que olharei a tudo sem discriminação!! É verdade, eu não quero estar cega, ou sem a minha alma, sem a minha razão de vida.
Faço tudo errado, não consigo ser gerida pela razão. Vejo-me a suplicar pelos meus olhos, a minha vida, a minha alma a quem eu não dei o devido valor. Ah! Como dói não dar o devido valor! Como dói sentir esta perda! Será que tenho de aprender desta maneira? Toda a gente que me viu sofrer, que me viu desistir disse que não valia a pena... Por que é que dizem isso? Não vêm a importância que tem os meus olhos, a minha vida, a minha alma? Como me podem dizer sê forte, quando a minha força foi com ele? Como me podem dizer não digas nada? Para mim é como deixar de respirar. E estou a fazer um esforço extremo por não respirar. Dói, mas não quero que o ar fuja. Preciso dele. E não sei o que fazer. Disse que não acreditava em Deus, e não me acredito. Por que se Deus existisse via que eu estou a ser sincera e quero a maior felicidade para os meus olhos, a minha vida, a minha alma. Serei egoísta ao pensar que poderei fazer uma pessoa feliz? Não quero magoar ninguém. E ouço vezes sem conta uma voz gélida a dizer-me que não dá mais, que já pude desfrutar dos meus olhos, que ficaram cansados e não querem me ver mais... Oh! Como dói ouvir isso... O que faço? Como é seguir em frente? Qual é a frente? Serei eu louca ou é o meu coração que me impele a insistir? Por que é que a Pandora me deixou com a esperança? Eu acho que há esperança. É por isso! Quero ter mais tardes no só nosso banco na marginal da Póvoa, quero ter mais um sorriso teu. Eu não o posso ver, mas lembro-me dele. Tão distante... Quero olhar para ti como sendo parte de mim, não uma amputação. Quero acordar, mas antes quero dormir, e pensar que tu existes no meu mundo e isso não me deixa triste, mas feliz. Não sei ter relações...Não sei..Fui imatura e pensava que estava certa... Eu preciso de uma oportunidade! Não quero que isto seja como o último dia em que vi o meu pai! Não quero ficar de braços cruzados! Não consigo, não posso deixar que o meu eu imaturo e cego deixe vencer o meu outro eu seguro e esperançoso. Que mais promessas poderei fazer? Que palavra ou que acção me levariam a ter os meus olhos de volta? Será calar-me ou falar? Será fingir felicidade ou desabafar fraquezas? Não sei quanto mais tempo aguento, sei que os dias parecem cada vez mais ferozes e pálidos. E não aguento mais perder outra pessoa na minha vida. Não está no meu ser magoar as pessoas ao ponto de me deixarem. Não está no meu ser viver com isso. Aceitar isso. Não me vejo em casa, na rua, no trabalho, com outras pessoas sem poder ter a minha alma. Era esta a minha alma. Eu sei. Nós sabemos quando é o tal. E, ao que parece, foi isto que o tal me deu. Mais não posso pedir. Gostava que ele visse como eu posso ser a tal também. Ai se posso!

2 comentários:

tulisses disse...

:(

os meus olhso fecham-se em companhia com os teus.por uns breves momentos. depois valerá a pena voltar a abri-los. em abril ou assim.

um abraço do meu simples tamanho.

Milai disse...
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