27 janeiro 2009

Demoro a acordar, é lenta a manhã. Mas já acordo. Já consigo dizer que há momentos em que não penso em nada, em que não sou eu, em que imagino mundos e pessoas e não fico a pensar neles. Esvanecem-se quando acordo, lentamente, mas acordo. Parece que tenho todas as razões para não querer acordar. Todas se confluem numa: a solidão. Sinto-me sozinha, vivo num mundo de pessoas egoístas e despreocupadas com os problemas alheios. Gostava de eu me preocupar com os problemas alheios, mas as pessoas estão constantemente a fugir de mim. Então, tenho os meus problemas e só eles me fazem companhia. Acordo porque reparei que se tenho problemas e precisam de ser resolvidos por mim só eu é que posso eliminá-los. E se ninguém compreende que precisava de pessoas para, sei lá, dar duas de treta, falo com os meus problemas. E, no fundo, bem lá no fundo, conheço realmente com quem posso contar, com quem poderei ficar para o resto dos meus dias, com quem se preocupa comigo. Também sei, bem lá no fundo, quem me quer mal, quem deveria gostar de mim e me odeia, quem lê o meu blog e fica calada,a rir-se provavelmente. Mas ódio deixa as pessoas tristes. E eu tenho pena, muita pena que tenha alguém próximo de mim, que esteja mentalmente doente. Tenho pena que só saiba viver das desgraças das outras pessoas. Tenho pena que só saiba rir da morte e não possa apreciar a vida. Não sou rancorosa. Só fico com pena. Esse é o meu estado extremo de desistência. Inveja é o que mata o mundo. Eu não me vou deixar levar por ela.

Dou graças ao amor e à vida. Seres grotescos e egoístas escrevo-os aqui e apago-os da minha memória. Não passam agora de palavras.

Outra questão: se tivessem dois seres vivos (um humano e um animal irracional) a morrer qual deles salvariam?

Hum.. pergunta bastante complicada... Eu escolhi o animal. Porque vi que o humano não tinha salvação. Mas o animal é difícil. Não dá para falar e fazer chantagem emocional. E obrigá-lo é a única solução. Saio ferida fisicamente, mas sei que estou a fazer tudo para o bem dele. Faço pelos animais, porque esses para mim são os únicos seres pensantes. Não pensam em fazer mal propositadamente, fazem mal para se defenderem, para dizer basta. Devíamos usar a capacidade racional para o bem, não para ferir.

2 comentários:

zequinhas disse...

oi =)

obrigada pelas palavras,

vejo que por aqui também não impera a alegria e boa disposição...

consigo compreender perfeitamente o que te vai na alma e bastaria apenas ler uma ou duas linhas dos teus textos.

consegues transmtir na força das tuas palavras toda a tua revolta,

mas a vida não tem que ser obrigatoriamente cruel...
eu falo por experiencia propria,
a minha vida nao tem sido um mar de rosas e eu nunca deixei de esboçar um sorriso talvez tentando contraria-la.

Nao deixas de ter razao em tudo o que aqui publicaste.

com tempo irei dar uma vista geral no teu "cantinho" e ai sim, poderei pronunciar-me melhor...


bj
*

tulisses disse...

tótinha,

eu não te disse que ia ficar magritte? pois uma otite (não é brincadeira de palavras, é a sério) tomou conta do meu lado direito a noite passada, o dia de hoje e tal! dar aulas assim, Milai!

mas estou melhor. eu dou contigo graças à vida e ao amor.

E Sábado, grande forrobodó! (nem sei se é assim que se escreve. Bjs